Nesta sexta-feira (9/8), os funcionários do Banco do Brasil de todo o País, protestaram contra o desmonte do banco, promovido pelo governo Bolsonaro. No dia 29 de julho, o banco anunciou mais um Plano de Adequação de Quadros (PAQ), com previsão de extinção de funções, redução de postos de trabalho.

O banco também prepara um novo plano de desligamento incentivado e, nesta sexta-feira (9), o jornal Valor Econômico noticiou que o Ministério da Economia vai encaminhar ofícios às empresas estatais solicitando a devolução antecipada de dividendos, o que poderia afetar, ainda mais, o capital dos bancos públicos.

“Para o Brasil voltar a crescer e gerar emprego e renda, o Estado tem que investir e colocar os bancos públicos para ajudar a financiar esse crescimento, ampliando a oferta de crédito”, afirmou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, Juvandia Moreira. “A política que vem sendo praticada com os bancos e demais empresas públicas vai na contramão. Corta postos de trabalho e reduz a capacidade de investimento público. Isso leva a economia à estagnação, quando não à recessão”, criticou.

Os protestos desta sexta, fazem parte do calendário de luta em defesa dos bancos públicos, definido na 21ª Conferência Nacional dos Bancários.

Agências digitais

A opção pelas agências digitais, em detrimento das unidades físicas também prejudica a economia, segundo o João Fukunaga, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB).

“A proliferação de agências digitais afetará a função pública e social do banco. A política de Estado para os bancos públicos deveria priorizar a bancarização da população, principalmente a de mais baixa renda. Não copiar o modelo adotado pelos bancos privados”, criticou Fukunaga. “Isso não quer dizer que o BB não possa ter agências digitais, mas o banco não pode abrir mão de agências físicas arriscando descumprir com a função social que compete a um banco público”, completou.

Levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com base em dados do Banco Central, aponta que, atualmente, dos 5.590 municípios brasileiros, 3.365 (60,2%) contam com uma ou mais agências bancárias. Do total de municípios, 950 (17%) são atendidos somente por bancos públicos. Os dados mostram, ainda que, com o fechamento de agências de bancos públicos, 57% das cidades brasileiras podem ficar sem agências bancárias e, neste caso, suas populações terão que se deslocar para outros municípios para ter acesso aos serviços por elas prestados.

O exemplo mais alarmante é de Roraima. Dos 15 municípios do estado, apenas seis contam com agências bancárias e em cinco deles existem apenas bancos públicos. Fechadas as agências de bancos públicos, toda a população do estado teria de ir até a capital para utilizar um banco.

“A atual política de Estado é de exclusão. Com isso, o papel do banco público, que deveria contribuir para o desenvolvimento regional igualitário e garantir a oferta de serviços bancários para a população, vem se perdendo”, afirmou o representante dos funcionários do BB.

Lucro versus redução do quadro

Na quinta-feira (8), o Banco do Brasil divulgou os resultados do primeiro semestre de 2019, com um lucro de R$ 8,679 bilhões, crescimento de 38,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo análise elaborada pelo Dieese. A rentabilidade do banco chegou a 17,4%, ante 12,9%, na comparação entre os mesmos períodos.

Mas, mesmo com lucros crescentes, nos últimos doze meses, o BB reduziu 1.507 postos de trabalho. Nos últimos três meses o banco reduziu 399 postos de trabalho.

“Nós queremos um Banco do Brasil forte e competitivo, mas também que desempenhe seu papel de banco público. Queremos, acima de tudo, um banco que respeite e valorize seus funcionários, que são os verdadeiros responsáveis pela existência da empresa e por seus lucros crescentes”, disse Luciana Bagno, diretora do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e membro da CEBB.

Acesse o link e confira o material informativo sobre as medidas do BB, distribuído das agências neste Dia de Luta.

Fonte: CONTRAF