O sistema financeiro nacional pratica agiotagem, na cara dura. Cobra tarifas e juros absurdos dos cidadãos, ganha bilhões com especulação a ainda corta custos com demissões em massa e fechamento de agências. Não há nenhum compromisso com o desenvolvimento do país, embora seja uma concessão pública.

O assunto foi amplamente tratado nesta quinta-feira (15/03), durante painel A era do Capital Improdutivo: o FSM e a ampliação das resistências, parte da programação do Fórum Social Mundial, que acontece até sábado (17/03), em Salvador.

O professor de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), Ladislau Dowbor, chamou atenção para a improdutividade do capital e o abuso dos bancos. O modelo de exploração, segundo ele, ganhou outras faces. Uma é o endividamento dos cidadãos. Por isso, o brasileiro paga um dos maiores juros do mundo. Na França, por exemplo, a taxa de empréstimos é de 12,3% ao ano. Já no Brasil passa dos 156%.

Os juros para quem entra no rotativo do cartão passam dos 450% ao ano e no cheque especial, 320%. Uma indecência sem limites. O resultado é aumento de pessoas com o "nome sujo". São mais de 61 milhões, atualmente. Sem conseguir pagar as contas, os brasileiros deixam de consumir e as empresas, consequentemente, param de produzir, paralisando a economia nacional e elevando o índice de desemprego, que saltou dos 4,6% para quase 13%.

Mas, o sistema financeiro vai além da economia. Manda também nas decisões políticas, sobretudo depois de financiar o golpe de 2016. A agenda neoliberal de retirada de direitos, privatizações, redução dos investimentos em saúde e educação atende a demanda dos grandes bancos.

Por isso, BB, Caixa, BNDES, BNB estão sob forte ataque. Não interessa às grandes empresas, estatais fortes, capazes de concorrer em pé de igualdade e de guiar a política de juros, como fez o governo Dilma, que acabou obrigando os gigantes privados a reduzirem as taxas. Isso incomodou. Inclusive, decisivo para as elites assumirem o golpe.

Fonte: SEEB/BA