Respeito todas as opiniões, mas as vezes fico assustado com algumas posições. Caminhamos céleres para a barbárie e nós seremos as vítimas dela.

Os ricos se protegem em Condomínios de luxo e se deslocam de helicóptero. Os pobres já vivem na barbárie em "territórios" sem a presença do Estado. Nós, os trabalhadores e a classe média vivemos expostos à barbárie que transborda das favelas. Praticamente todos que conheço já foram vítimas da violência urbana.

Eu já fiquei uma hora com o revólver na cabeça e com um louco dirigindo o carro. Mas, pensar que se vai resolver o problema massacrando detentos é de um primarismo absurdo.

Cadeia no Brasil, desde a colônia, foi feita para pretos, pobres e ladrões de galinhas. Só que diante de uma política burra de combater o tráfico com uma guerra os criminosos se organizaram e quanto mais são massacrados, mais fortes ficam.

A política de execução penal joga milhares de jovens nas masmorras e lá  dentro, para sobreviver, eles se "filiam" a alguma facção e depois quando saem, tem de seguir no crime, senão morrem. E ainda tem gente que quer a redução da idade penal para fornecer "mão de obra" ainda mais jovem para o crime organizado.

Já chegamos num patamar de aceitar a violência como algo normal, que a uma semana não se faz mais do que vociferar nas redes, "bandido bom é bandido morto", sem se aperceber que fomentando a "Cultura da violência", a próxima vítima pode ser alguém próximo de nós. Vejam como pensava o "cidadão de bem" lá de Campinas.

Quem faz alguma análise mais profunda é tratado de "defensor de bandido". Isto é de uma estupidez atroz.

A defesa dos Direitos Humanos tem de ser universal, senão não existe. Para exigir os nossos direitos temos que defender que todos tenham direitos iguais.

Não tenho soluções prontas, mas estou convencido que precisamos pensar saídas urgentes, a começar por praticar e militar na defesa da "Cultura da paz". Acho que rever a política de combate às drogas também é necessário.  A legalização do uso tem dado bons resultados em vários países.

Também é necessário uma justiça eficiente e rápida, bem como uma administração penitenciária que separe os presos por periculosidade.


*Emanoel Souza é economista, jornalista e presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe

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