Preparar os sindicalistas para os impactos da reforma trabalhista sobre as relações de trabalho é o objetivo da 14ª Jornada Nacional de Debates, lançada na manhã desta quinta-feira (27), pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em São Paulo.

Realizada em parceria com as centrais sindicais, a atividade que se estenderá para diversas regiões do país, vai abordar as mudanças da reforma que incidirão sobre as negociações coletivas.

Para o técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, é fundamental que os sindicatos tenham em mente que o cenário é completamente diferente e que é preciso trabalhar a partir desta realidade que se apresenta.

O especialista alerta que a partir da aprovação da nefasta reforma tudo pode ser negociado. "A convenção não é mais o principal instrumento. O negociado prevalecerá, ou seja, o indivíduo pode superar o legislado para reduzir diretos e por consequência aumentar os lucros. A iniciativa vem para ajustar o custo do trabalho. É a precarização", analisou Clemente Ganz Lúcio.

Precarização das condições de trabalho

A precarização das condições de trabalho, aliás é um dos pontos que mais preocupam os sindicalistas. As medidas contidas na reforma, não só flexibilizam como permitem inúmeras formas de contratação, como o trabalho intermitente. Para uma consequência e que ela nos obriga a repensar a organização sindical profundamente.

“Para combatermos esses efeitos a luta não deverá ser feita por categorias, mas de forma intersindical, unificada, avisa o especialista. Não será uma luta por categoria. Mas resistir no chão da empresa. Todas as medidas que conquistamos para proteger o trabalhador contra flexibilização serão anuladas. Entender tudo isso é fundamental", afirmou.
De acordo com o técnico, as mudanças exigem nova postura. “As condições não são as mesmas. Portanto, temos que criar agendas coerentes e para isso, teremos que buscar formas de resistência nos sindicatos. Pensar na organização sindical para as campanhas salariais. Pensar como a organização sindical se reestrutura para dar conta dessa agenda”, ressaltou o especialista ao completar que a luta não acaba, mas tem que se reorganizar.

“Temos que nos reorganizar e aceitar que o jogo nunca acaba nunca. Vamos disputar a regra do jogo, travar a luta nesse contexto, em um novo ambiente. Precisamos trabalhar para os trabalhadores entendam o que está em jogo e passem a apoiar ainda mais os sindicatos, como instrumento de mudança. A classe trabalhadora tem condições de resistir e avançar. A luta é dura, mas não é impossível. Os trabalhadores estão sendo desafiados a resistir e enfrentar as mudanças”, finalizou.

Aglutinar forças

Nivaldo Santana, vice-presidente nacional da CTB, que compôs a mesa das centrais sindicais fez uma breve exposição sobre o cenário a ser enfrentado pelo movimento sindical. Na visão do dirigente, é importante promover o debate para que o movimento tenha consciência do movimento vivido no país que impõe um novo no ciclo de lutas para os trabalhadores. 

De acordo com o dirigente da CTB, o golpe alcançou seu objetivo, que incluía aprofundar a redução reduzir o custo do trabalho, restringir a democracia e limitar a soberania. E agora governo paga a fatura do golpe. “Estamos vivendo uma crise que tem dimensões parecidas com aquelas de 1929, onde o custo do trabalho e a soberania das nações são os dois alvos principais dessa agenda ultraliberal do governo golpista”, refletiu Santana.

O sindicalista alerta que para enfrentar essa realidade, é importante refletir sobre as indicações do Dieese, no âmbito da reestruturação do movimento sindical com novo reposicionamento das nossas entidades, diante dessa avalanche que buscar liquidar as trincheiras de resistência e lutas dos trabalhadores. No entanto, para ele a batalha para a mudança de cenário vai além. “Esse debate é necessário, mas insuficiente. Na nossa compreensão só uma saída política progressistas que atenda aos interesses dos trabalhadores, da democracia e da soberania da nação pode descortinar uma perspectiva diferente e alternativa ao cenário que estamos vivendo. Vamos reestruturar e reorganizar o movimento sindical para campanhas de resistência e para grande jornada de lutas sociais, mas devemos ter a compreensão que não será só a partir da luta sindical que vamos superar esse cenário adversos. Devemos buscar agregar outras forças políticas e sociais. A defesa dos direitos trabalhistas, do emprego, do salário, da CLT e da contribuição sindical são pontos fundamentais que tem capacidade de acumular um amplo espectro de luta”, finalizou Nivaldo Santana.

Cinthia Ribas - Portal CTB