De acordo com o ensaio científico publicado nos Cadernos de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a desigualdade no acesso a direitos básicos como saúde, saneamento e trabalho tornou a população negra e periférica mais vulnerável à pandemia de covid-19. A análise foi assinada por pesquisadoras de unidades da fundação e do Núcleo de Pesquisas Urbanas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Foram utilizados dados dos meses de abril e maior, para comparar que uma ideia semelhante circulou quando foi repetido nos primeiros meses que a pandemia seria "democrática", contudo, nem todos enfrentam os mesmos riscos e chances de serem contaminados pela doença. Isto é, foi desmentida ideia inicial de que as consequências da doença seriam igualmente sentidas na sociedade.

Na Semana Epidemiológica 15 (4 a 10 de abril), a população branca representava 73% das internações e 62,9% dos óbitos. Cerca de um mês e meio depois, na Semana Epidemiológica 21, os dados mostram proporções semelhantes de brancos e negros em relação às hospitalizações. Nos óbitos, entretanto, a população negra passa a representar 57%, enquanto a branca representa 41%.

Vale ressaltar, que há um alto percentual de ausência de registro de raça e cor nos casos confirmados e óbitos por covid-19. Além disso, o acesso ao saneamento básico, fundamental para os cuidados de higiene necessários para prevenir a covid-19, e acesso aos hospitais é menor entre a população negra.

Fonte: FEEB BA/SE