No debate da mesa sobre Inteligência Artificial, bancos digitas e futuro da Caixa, as empregadas e empregados da Caixa presentes no 40º Confecef, que se iniciou na quinta-feira (21) e se encerra na tarde desta sexta-feira (22), deixaram claro que o respeito ao ser humano deve ser o ponto central no uso da IA pelo banco.
“Esta mesa é profundamente importante para pensarmos a Caixa que queremos para o futuro do país”, disse a representante da Fetec-CUT/SP na CEE, Luiza Hansen.
A representante da Fetrafi-RS, Sabrina Muniz, reforçou dizendo que “precisamos fortalecer as pessoas, que são realmente quem faz a Caixa acontecer e protegê-las no ato de elas atenderem as demandas da população neste contexto de constantes mudanças que estão acontecendo na empresa sem o devido debate com os empregados, nem com sua representação sindical. E também sem que haja transparência para que as pessoas tenham reais de fazer as mudanças exigidas pela Caixa”.
Rogério Campanate, representante da Federa-RJ, lembrou ainda que a classe trabalhadora precisa se apropriar da IA e dos benefícios que ela traz para a sociedade, não ficar apenas com problemas que ela traz para a sociedade. “Precisamos estudar mais e entender mais de IA, pois, talvez devido ao fato de haver custos, isso sempre é feito pelos bancos e pela classe empresarial, precisamos mudar isso para que as entidades sindicais e a classe trabalhadora também se apropriem desses benefícios e possamos deixar que as questões burocráticas sejam realizadas pela IA, para que a gente tenha mais tempo de nos aproximarmos e nos relacionarmos com as pessoas, com os trabalhadores e trabalhadoras”, disse.
Inteligência artificial com diretos sociais
O professor livre-docente do Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade de Campinas (Unicamp), Sávio Machado Cavalcante, trouxe um panorama sobre os avanços tecnológicos.
Sávio lembrou que a ideia de que a automação gera o fim do trabalho é muito antiga. “Nos anos 1970, já se falava que os impressos, inclusive os livros, acabariam por causa da chegada dos computadores. Em 2010, houve um novo alerta sobre a polarização gerada pela tecnologia, com uma possível divisão e tensões agravadas por uma lacuna geracional causada por aqueles que cresceram e só conhecem o mundo digital e aqueles que não o conhecem e devem se adaptar.
Esse tipo de pensamento encontra muitos adeptos também no nosso país. Por este motivo, a luta das categorias profissionais deve ser também sobre a busca por um modelo de sociedade onde caibam todas as pessoas. “Enquanto alguns pregam o fascismo do fim do mundo, não se importam com as pessoas, precisamos nos unir para discutir o tema”, alertou Sávio Cavalcante. “Não é possível imaginar a introdução da Inteligência Artificial sem debater os direitos das pessoas envolvidas e por isso precisamos encontrar formas para a regulamentação dessas tecnologias. Não é só o futuro de uma categoria que está em jogo, mas o futuro de toda a humanidade”, concluiu.
Respeito ao ser humano
A responsável pelo encerramento dos debates foi a representante das empregadas e dos empregados no Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal, Fabiana Uehara, que é conhecida apenas como Fabi.
“Essa mesa é importante pra gente dialogar em que momento a nossa empresa está na transformação digital. E qual o reflexo da IA na nossa empresa. A transformação é necessária e urgente, mas o debate tem que ser a partir do ser humano, com a nossa participação, de empregados e empregadas”, ressaltou.
Ao apresentar dados sobre o uso da tecnologia e as transformações no setor bancário, Fabi ressaltou que as mudanças estão acontecendo aceleradamente.
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