A reforma ministerial pode até ter melhorado a interlocução do governo com o Congresso, mas o tratamento dado às greves de diversos setores do funcionalismo e agora à greve dos bancários demostra cabalmente a péssima interlocução do governo com o movimento sindical.
A intransigência adotada pelas direções dos bancos públicos, com respaldo do governo, tem sido o principal elemento de tensionamento nas negociações.
Escondidos cinicamente atrás do discurso do ajuste fiscal do Levy, as direções da Caixa e do Banco do Brasil demonstram todo seu descompromisso com as instituições e seus empregados.
Reivindicações que dizem respeito à s condições de trabalho com pouco, ou nenhum, impacto financeiro são negadas na perspectiva de implementar nos bancos uma política de pessoal privatista, baseada no individualismo e no desempenho pessoal.
Se este caminho da não interlocução não for revertido logo, a presidenta Dilma estará cada vez mais se afastando de suas bases sociais e se colocando refém do fisiologismo do Congresso, da fúria udenista da mídia e dos ditames do capital financeiro, representando no governo pelo Ministro Levy.
 
Mas não basta apenas reclamar, cabe aos movimentos sociais e sindical enfrentar de forma unitária e com convicção o problema e exigir do governo uma outra postura, apresentar de forma cabal a agenda dos trabalhadores e do crescimento econômico, bem como respaldar e unificar as greves em curso e tensionar o governo para uma interlocução sincera e produtiva.
*Emanoel Souza é presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe e membro da Coordenação Nacional da CTB-Bancários