"Estamos fazendo a modernização das leis trabalhistas e você terá inúmeras vantagens", afirma Michel Temer em pronunciamento de 1º de Maio em vídeo divulgado nas redes sociais. Acuado por uma greve geral que paralisou o país na sexta-feira (28), Temer demonstra completo desprezo aos anseios da classe trabalhadora e num discurso digno de propaganda de sabão em pó diz que as reformas vão garantir os direitos trabalhistas a todos os trabalhadores, mas cai em contradição com o seu próprio discurso.

"A nova lei garante os direitos não só para os empregos diretos, mas também para os temporários e terceirizados. Empresários e trabalhadores poderão negociar acordos coletivos de maneira livre e soberana. O diálogo é a palavra de ordem", afirmou.

Como previsto, a greve e as mobilizações do 1º de Maio aumentaram as dificuldades do governo Temer de aprovar as reformas no Congresso. O governo tenta demonstrar que ainda não morreu, já que não pode abandonar a proposta, pois perderia o apoio do empresariado e do mercado financeiro, que foram fundamentais para o golpe garantindo que ele chegasse ao poder.

Diante disso, o governo já cogita o adiamento da votação do relatório na comissão especial da Câmara, previsto para essa semana, que tem seus membros escolhidos a dedo para aprovar o projeto. A estratégia é para tentar buscar os votos no plenário que ainda não possui, enquanto usa a mídia para defender as reformas.

Por outro lado, ameaça os que vontaram contra o governo com demissão de apadrinhados dos deputados. Em reunião nesta segunda (1º de Maio), com 11 ministros e líderes partidários no Palácio da Alvorada, Temer disse que a primeira leva de exonerações será publicada no Diário Oficial desta terça-feira (2).

Temer pretende se reunir com bancadas como PSC e PRB, para entregar as vagas abertas pelas exonerações e tentar ampliar o número de votos favoráveis.

O líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), tenta não demonstrar a tensão e afirma que nada deve atrapalhar as votações. Segundo ele, uma "ampla maioria" vai aprovar a reforma da Previdência na comissão especial.

Ao comentar sobre a greve, Ribeiro disse que "houve muito mais um piquete em relação à mobilidade urbana do que propriamente adesão à greve" e que os atos não devem ter grandes impactos nas votações.

Segundo Aguinaldo Ribeiro, o governo tem dialogado com partidos que manifestaram preocupações com alguns pontos das medidas. Ele exemplificou que "muito" do que o PSB criticava "foi atendido" com as alterações promovidas nas últimas semanas pelo Planalto. "Temos convicção de que temos maioria e teremos um placar majoritário [na votação da reforma da Previdência na comissão]. Estamos em um momento de consolidação da base", acrescentou.

Para aprovar a reforma da Previdência o governo necessita de pelo menos 308 votos no plenário da Câmara, o que até agora não tem. Com a greve geral e a divulgação d pesquisa Datafolha, que aponta que 71% dos brasileiros são contra a reforma, o apoio dos parlamentares deve minguar ainda mais.

Fontes do governo j´admitem que ainda estão longe dos 60% de apoio necessário em plenário para aprovar a reforma da Previdência. Por outro lado, a demora em aprovar o texto na comissão ampliam as chances de deserção entre membros da base aliada ou de mudanças no texto.


Do Portal Vermelho, com informaçõe sde agências