A 19ª Conferência Nacional dos Bancários recomeçou, na manhã do sábado (29), com uma análise de conjuntura nacional e internacional. Rafael Freire Neto, secretário de Política Econômica e Desenvolvimento Sustentável da Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA), fez uma análise da conjuntura internacional, com foco na América Latina.

Ele lembrou que, em 2008, a disputa da saída da crise do capitalismo estava em aberto. A discussão era qual tipo de sistema econômico a gente teria no planeta após o fracasso do Neoliberalismo. “E qual a resposta que temos hoje? Mais neoliberalismo. Infelizmente nós não conseguimos criar uma grande força progressista que controlasse o mundo. E agora, estamos à beira da terceira grande onda neoliberal.”

Para ele, há explicação para que a resposta ao fracasso do neoliberalismo seja mais liberalismo é o deslocamento do poder para grandes grupos econômicos. “Atualmente, oito pessoas detém a riqueza de mais de 3,5 milhões de pessoas em todo o mundo. 10 grandes grupos empresariais juntos igualam o Produto Interno Bruto (PIB) de mais de 180 países. No Brasil, seis pessoas detêm uma riqueza equivalente a renda de 10 bilhões de brasileiros. E são essas pessoas que escolhem  um sistema financeiro nora qual eles ganhem cada vez mais e a população perca. No Brasil, foram essas pessoas que financiaram o golpe contra a democracia. E qual o problema do golpe no Brasil? Pode representar um retrocesso de um século nos direitos trabalhistas.”

De acordo com Freire Neto, está na hora de percebermos que “se o problema é global, a resposta tem de ser global. No nosso caso, tem de ser regional, para toda a América Latina. Por isso, espero que os bancários estejam juntos, como sempre estiveram, de toda a classe trabalhadora na luta pela defesa dos nossos direitos”, finalizou.

Vagner Freitas, presidente da CUT Nacional, trouxe o debate para o âmbito nacional. “Todo o processo de luta das centrais sindicais e dos partidos de esquerda do Brasil nas últimas décadas tem trazido um nível de maturidade política e consciência social que assusta a direita. O que levou os partidos a buscarem outros métodos que não sejam a democracia legítima para buscar o comando da sociedade. Eles sabem que não têm condições de nos combater no debate e no diálogo com a sociedade.”

Para o dirigente sindical, o motivo principal da crise mundial, dos investimentos feitos para tomar o poder e, conseqüentemente, os direitos dos trabalhadores é o fracasso do capitalismo tão exaltados pela direta, que sempre priorizou o rentismo e quis o fim do Estado. “Precisamos de uma proposta com amplo envolvimento nacional e que inclua os interesses da população para derrotar essa política excludente do governo golpista.”

Para Augusto Vasconcelos, presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia e representante da CTB, a mesa de debate sobre a conjuntura nacional e internacional leva em consideração a realidade e aponta caminhos para o futuro.  "Temos de reafirmar que vivemos a maior crise do capitalismo desde 1929. Está cada vez mais claro que a organização da sociedade aprofunda a desigualdade e nos leva a depressão econômica", afirmou. 

Para mudar os rumos do país, a criação de uma frente ampla de luta é a única saída, acredita Augusto. "Precisamos fazer uma luta pra valer, para transformar o Brasil. Precisamos trazer setores do golpe para o nosso lado. Isso significa ter uma política ampla para derrotar o Rodrigo Maia e Temer. Precisamos aproveitar as contradições do seio da burguesia para atrair pessoas para o nosso lado. Temos de trazer parcelas do setor industrial. Precisamos nos unir para construir uma política soberana, inclusão social e preservação dos direitos."

Edson Carneiro, o Índio, coordenador da Intersindical, afirmou que – para os golpistas – a saída para o desemprego crescente, a queda da taxa de investimento, os dois anos de recessão e a economia estagnada são sempre a retirada de direitos da classe trabalhadora e a priorização dos rentismo. “A maioria dos países que enfrenta uma crise semelhante adotou medidas restritivas e o Brasil optou por medidas legalizantes. Estamos completamente abertos aos interesses do rentismo. E as classes mais baixas da sociedade são quem pagam as contas.”

Para ele, a classe trabalhadora tem um papel fundamental. “Nós precisamos da construção de uma correlação de força favoráveis aos trabalhadores que eleve o grau de consciência da população e de pressão aos políticos para que consigamos revolver os problemas. Precisamos de um programa de enfrentamento ao rentismo, enfrentamento ao monopólio das comunicações e a revogação das reformas, além de impedir que a reforma da Previdência seja votada.”

Fonte: Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Finaneiro (CONTRAF)