Tabela elaborada pelo Dieese com o resumo dos dados do balanço do BB.

Balanço do 1º semestre aponta que lucro do Banco do Brasil saltou 67,3% em um ano; resultado é uma consequência do aumento da renda com tarifas bancárias

No 1º semestre de 2017, o Banco do Brasil obteve um Lucro Líquido Ajustado de R$ 5,2 bilhões, que representou um crescimento de 67,3% em doze meses e 5,3% no semestre. A rentabilidade (retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio Anualizado – ROE) ficou em 10,4%, com alta de 3,8 pontos percentuais. Uma análise feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base no relatório do banco, aponta que o resultado foi consequência principalmente pelo aumento das rendas de tarifas e redução da despesa de provisão, quando comparado ao primeiro semestre do ano anterior.

“É um absurdo o que estão fazendo com o banco. Mesmo com queda nas operações, tanto com pessoas físicas quanto jurídicas, foi anunciado que o aumento do lucro foi influenciado pelo crescimento da receita com tarifas. Ou seja, o banco está esfolando seus clientes, da mesma forma que os bancos privados. Onde está o caráter público da instituição?”, questionou Roberto von der Osten, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro.

Os dados do relatório mostram que a Carteira de Crédito Expandida do banco caiu 7,6% em doze meses e atingiu R$ 696,1 bilhões (ligeiro crescimento de 1,1% no semestre). As operações com pessoas físicas caíram 2% em relação ao 1º semestre de 2016, mas ficaram estáveis nos seis primeiros meses de 2017, chegando a R$ 185,9 bilhões. As operações com pessoas jurídicas alcançaram R$ 277,2 bilhões, com queda de 15,4% em doze meses e de 1,3% no semestre. Já as operações com o agronegócio cresceram 2% em doze meses e, em relação ao primeiro semestre, o crescimento foi de 4,5%. O Índice de Inadimplência superior a 90 dias apresentou alta de 0,85 pontos percentuais no período, ficando em 4,11%. As despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD) caíram 5,7%, totalizando R$ 13,4 bilhões.

A receita com prestação de serviços e a renda das tarifas bancárias cresceram 10% no período, totalizando R$ 12,4 bilhões. Enquanto isso, as despesas de pessoal, já considerando o pagamento da Participação nos Lucros ou Resultados (PLR), caíram 1,8%, atingindo R$ 10,9 bilhões. Portanto, a cobertura dessas despesas pelas receitas secundárias do banco foi de 113,5%.

Desemprego
A holding encerrou o primeiro semestre de 2017 com 99.603 empregados, com fechamento de 10.012 postos de trabalho em relação a 30 de junho de 2016. O expressivo fechamento de postos de trabalho se deveu à adesão de mais de 9,4 mil trabalhadores ao Plano Extraordinário de Aposentadoria Incentivada (PEAI), anunciado em novembro de 2016. O número de agências se reduziu em 543 unidades, em virtude do plano de reorganização institucional que previa, no decorrer de 2017, o fechamento de 402 agências, com outras 379 passando a ser postos de atendimento (PABs). Não há no relatório, porém, menção ao número de PABs, mas verifica-se que a rede própria do banco foi reduzida em 1.083 pontos de atendimento.

“O próprio ministro da Fazenda reconhece que o desemprego impede a retomada do crescimento econômico. Mas, o Banco do Brasil, que é controlado pelo governo, demonstra não ter qualquer responsabilidade com a recuperação da economia, ao reduzir postos de trabalho e suspender os concursos para contratação de mais funcionários. Assim, o próprio governo contribui para a manutenção da crise”, observou Wagner Nascimento, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB).

Pagamento da PLR

Conforme consta do Acordo Aditivo específico sobre as PLRs 2016 e 2017, na sua cláusula Décima Quarta, a Participação nos Lucros e Resultados "O Banco compromete-se a pagar a PLR aos funcionários abrangidos por este Acordo Coletivo de Trabalho no seguintes prazos:

I - [...];

II – PLR do segundo semestre de 2016, do primeiro semestre de 2017 e do segundo semestre de 2017 em até dez dias úteis após a data de distribuição dos dividendos ou JCP-Juros sobre Capital Próprio aos acionistas."será paga no mês imediatamente posterior à realização da Assembleia Geral Ordinária de cada ano e somente após o pagamento dos dividendos aos acionistas".

Da Redação com Contraf e DIEESE