Mais uma vez a FENABAN decepcionou os bancários. Na oitava rodada de negociação com o Comando Nacional dos Bancários, realizada nesta terça-feira (21/8), o setor mais lucrativo do país apresentou novamente proposta insuficiente aos seus empregados e com retirada de direitos.

Os cinco maiores bancos (BB, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander), que somente no primeiro semestre deste ano já ganharam R$ 42 bilhões ou quase 18% mais que em 2017, apresentaram uma proposta de acordo de dois anos, com reajuste  pelo INPC (estimado em 3,82%), somente 0,5% de aumento real  nos salários, PLR, tíquetes, vales e outras verbas econômicas , válida para todos os bancários, inclusive os hipersuficiente, em 2018 e 2019.

A primeira parcela da PLR seria paga no dia 20 de setembro.  A  proposta assegura  direitos como vales transporte, alimentação e refeição, auxílios creche e filho com deficiência, faltas abonadas e estabilidades.  Acrescenta ainda o parcelamento do adiantamento das férias em até três vezes, adiantamento emergencial para recurso no INSS, por até 90 dias, além do aumento de 15 para 30 minutos do  período de descanso e alimentação para os bancários com jornada de 6 horas.

Em contrapartida, a Fenaban quer tirar a PLR das mulheres em licença maternidade e dos trabalhadores afastados por problemas de saúde. Quer ainda mudar as cláusulas de gratificação de função e dos salários dos substitutos, além de não se comprometer em contratar apenas bancários. Como se não fosse o bastante, os negociadores voltaram ainda  a ameaçar entrar com o dissídio no Tribunal Superior do Trabalho.

Diante da postura, o Comando Nacional dos Bancários rejeitou a proposta na mesa, por ela ser insuficiente no tocante ao aumento real e ainda retirar direitos da categoria.

 “Mais uma vez a Fenaban tanta iludir os bancários com uma proposta insuficiente. Embora tenha havido avanços na questão do aumento real, ele ainda é insuficiente e os bancos podem e devem melhorar o índice. Além disso, essa proposta retira direitos das mulheres e dos colegas afastados com problemas de saúde. Isto é cruel!  Não podemos aceitar isso. Vamos manter a nossa mobilização e mostrar aos bancos nossa disposição de lutar por uma proposta justa”,  afirmou o presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Hermelino Neto, que integra o Comando Nacional dos Bancários.

A Fenaban pediu um prazo para se reunir com os bancos e uma nova reunião ficou agendada para próxima quinta-feira, (23/8), às 10h, em São Paulo. Até lá, a categoria deve intensificar a mobilização para pressionar os bancos a apresentar uma boa proposta de acordo.

Veja mais sobre a proposta dos bancos

•      Retirada do salário substituto (cláusula 5ª)

•      Fim da PLR integral para bancárias em licença-maternidade e afastados por acidente ou doença (esses trabalhadores receberiam PLR proporcional ao período trabalhado)

•      Querem compensar, caso percam na Justiça, as horas extras pagas como gratificação de função conforme a cláusula 11ª da CCT. Esse item não vale para os bancos públicos, que têm Plano de Cargos e Salários (PCS). A proposta foi rejeitada e o Comando quer negociar PCS para todos

•      Alteração da cláusula do vale-transporte, rejeitada porque ficaria pior do que a lei (cláusula 21ª)

•      Fim da cláusula que proíbe a divulgação de ranking individual (cláusula 37ª)

•      Retirada da cláusula que previa adicional de insalubridade e periculosidade porque está na lei (cláusula 10ª)

•      Querem flexibilizar o horário de almoço de 15 minutos para 30 minutos na jornada de seis horas (exceto para teleatendimento e telemarketing)

•      Fim do vale-cultura (cláusula 69). Comando quer que permaneça para que o direito esteja garantido caso do governo retome o programa.

•      Retirada da cláusula que garantia a homologação de rescisão contratual nos sindicatos

•      Aqui um avanço: garante o parcelamento do adiantamento de férias em três vezes, a pedido do empregado

•      Outro avanço: mantém o direito do hipersuficiente à CCT (quem ganha mais de R$ 11.291,60.

•      Mantém o direito ao adiantamento emergencial para quem tem recurso ao INSS por 90 dias. Os bancários querem 120 dias

Caixa, BB E BNB

Como a reunião com a Fenaban se estendeu até após às 22h, as rodadas de negociações específicas com a direções da Caixa e Banco do Brasil foram adiadas para a quarta-feira (22), pela manhã e tarde. Até o momento o Banco do Nordeste não se pronunciou sobre a remarcação da negociação.