A Campanha Nacional 2018 já se encerrou para a maioria dos bancários. Na base da Federação Bahia e Sergipe apenas o Banese ainda não apresentou uma proposta decente para os funcionários, que continuam mobilizados. Os trabalhadores dos demais bancos conquistaram acordos com manutenção de direitos e aumento real nos salários. Nesta entrevista, o presidente da Feebbase, Hermelino Neto, faz uma avaliação da Campanha e aponta os desafios da categoria a partir de agora.

Quais as principais conquistas da Campanha Nacional 2018?

Neto: Foi uma campanha vitoriosa. Destaco o fato de termos conseguido manter praticamente todas as nossas cláusulas na Convenção Coletiva de Trabalho e também nos Acordos Específicos nos bancos públicos, isso foi muito positivo, principalmente na conjuntura atual. Manter a mesa única de negociação e fechar um acordo por dois anos com ganho real também foram grandes conquistas. Temos ainda a vitória de manter os chamados trabalhadores hipersuficientes na CCT e ACTs.

Muitos bancários criticaram o fato de não ter greve. Quais motivos levaram o Comando a indicar a aceitação da proposta da Fenaban?

Neto: Compreendemos que a greve é o último recurso, quando se esgota todas as possiblidades e não foi isso que ocorreu. Embora nos pareça que a Fenaban foi para a mesa com a disposição de retirar os direitos e provocar uma situação de caos na categoria, o que prevaleceu foi o debate, a discussão. Fazer a greve pela greve, não nos interessa, até porque, é necessário compreender o momento político em que estamos vivendo e a situação do país. Aqueles sindicatos que criticaram o Comando Nacional ou tentaram desqualificar as entidades que o compõe, não tiveram coragem de fazer a greve. Eles estavam jogando contra o movimento a todo momento. São sindicatos que não tem nenhum compromisso, nenhuma responsabilidade com a luta dos trabalhadores. Eles não tiveram coragem de fazer a greve e ainda tiveram de correr às pressas para assinar o acordo, senão a categoria seria penalizada e eles certamente sofreriam as consequências disso. Portanto, o fato de não haver greve não diminui os nossos avanços e conquistas. Dentro da realidade, foi um acordo positivo e muito bom! Mantivemos todas as cláusulas.

Quais os riscos de judicialização da campanha?

Neto: Temos que levar em conta ainda o risco dos bancos ajuizarem um dissídio. Isso iria trazer um prejuízo gigantesco para os trabalhadores. No caso dos bancos privados da base dos bancários da Federação da Bahia e Sergipe, sindicatos da Paraíba e Rio Grande do Sul, os trabalhadores poderiam perder a gratificação semestral. Imagine só, colocarmos em risco esses dois salários que os trabalhadores recebem durante o ano e várias cláusulas que poderíamos perder, como ticket alimentação, ticket refeição, auxílio creche e babá entre outras. No dissídio, poderia sair com 2% de ganho real ou algo do tipo, mas estaria em jogo toda uma construção de 27 anos de Convecção Coletiva de Trabalho. Não somos irresponsáveis para levar a categoria a uma situação como essa! As assembleias realizadas por milhares de bancários apontaram o caminho certo, que foi a aprovação do acordo. O Comando indica, os sindicatos reforçam nas assembleias, debatem e discutem, mas quem define de fato é a categoria e foi a categoria que definiu a aceitação do acordo.

Houve algum recuo nos direitos em algum banco ou segmento da categoria? O que será feito em relação a isso?

Neto: Estamos sofrendo uma forte ameaça dos bancos públicos - Caixa Econômica, Banco do Nordeste e Banco do Brasil - em relação aos planos de saúde. Cassi, Saúde Caixa e Camed. É algo que vamos continuar discutindo. Até o momento, essas questões estão garantidas até encerrar essa CCT, mas é preciso fortalecer ainda mais a luta dos trabalhadores e as nossas entidades sindicais.

Quais os desafios da categoria a neste momento?

Neto: Acho que após a assinatura de todas as CCT’s, já que estamos ainda com o Banese e Banco da Amazônia que não assinaram, o passo seguinte será os trabalhadores bancários e bancárias se incorporarem na luta pelas mudanças que o país precisa. Estamos afundados numa situação muito ruim no cenário político. Tivemos um museu sendo destruído, uma história que não é só do povo brasileiro, que diz respeito ao mundo, porque um governo irresponsável retira a verba da cultura, da segurança pública, da educação. O grande desafio do bancário é se incorporar nessa luta. Eleger candidatos que defendam os trabalhadores, eleger uma bancada de deputados federais forte, eleger a representatividade bancária na Assembleia Legislativa do seus estados. Esse será o nosso grande desafio pós campanha salarial.

Fonte: FEEB BA/SE