A 22ª Conferência dos Bancários da Bahia e Sergipe começou na manhã deste sábado (4/7), com o debate sobre conjuntura e cenário econômico no Brasil e no mundo neste momento de pandemia, causada pelo covid-19. Os palestrantes foram a supervisora técnica do Dieese, Ana Georgina Dias e o jornalista Altamiro Borges, que preside o Centro de Estudo de Mídias Alternativas Barão de Itararé.
A supervisora do Dieese lembrou que a pandemia aprofundou um cenário de crise econômica que o Brasil já enfrentava desde 2016, com o aumento do índice de desemprego, da informalidade e da precarização, através de modalidades de trabalho sem direitos, a exemplo dos micros empreendedores individuais (Meis).
O governo Bolsonaro aprofundou ainda mais o problema com a adoção de medidas que flexibilizam e retiram ainda mais direitos dos trabalhadores. O resultado é o crescimento do número de desocupados, subaproveitados e desalentados, que são aqueles que desistiram de procurar uma ocupação formal por falta de perspectiva.
A pandemia vai aprofundar o problema devido ao efeito devastador em alguns setores da economia, que estão com as atividades paralisadas. Mas, o setor bancário não enfrenta esta crise de lucratividade. Os cinco maiores bancos continuam lucrando muito mesmo diante da crise. Em 2019 viram seus ganhos aumentar 30,5% e chegar a R$ 108 bilhões . No primeiro trimestre de 2020, mesmo com a queda de lucratividade, eles lucraram juntos R$ 18 bilhões, com expectativa de crescimento no segundo trimestre.
Por isso, os bancários terão muito mais chances de conquistar um acordo salarial com aumento real e ampliação de direitos que outros sindicatos. “Se tem uma categoria com musculatura e força para fazer uma campanha salarial vitoriosa, são os bancários”, ressaltou Ana Georgina.
Cenário de incertezas
O jornalista Altamiro Borges começou sua exposição falando sobre o cenário de incertezas que o mundo enfrenta neste momento, devido ao efeito econômico devastador da pandemia, que pode ser maior que o de 1929 e 2008, segundo apontam alguns analistas.
Para ele, os trabalhadores serão as maiores vítimas desta crise, com a redução da massa salarial, da regressão de direitos e do desemprego. Vai aumentar também a concentração de renda e a monopolização de serviços por grandes empresas, uma vez que os pequenos empresários serão mais atingidos pela crise.
Neste cenário deve se intensificar a luta de classe e o debate sobre o papel do Estado. Isso já está acontecendo em todo o mundo e pode gerar o enfraquecimento das forças de direita e extrema direita que vêm crescendo nos últimos anos, com eleição de governos como Trump e Bolsonaro.
No Brasil, o presidente Bolsonaro está se enfraquecendo muito rápido, mas ainda tem apoio de parte da sociedade e continua atuando para a retirada de direitos da população.
Para Borges, para enfrentar s situação, as forças progressistas precisam aumentar o diálogo com a sociedade através do aumento de ações de solidariedade às vítimas da pandemia, reforço das denúncias contra este governo, intensificação da luta por direitos, construção da unidade e investimento em comunicação.
Fonte: FEEB BA/SE