A mesa bipartite de Igualdade de Oportunidades realizou a primeira reunião do ano nesta segunda-feira (15/3), tendo como principais pontos de debate a avaliação do canal de atendimento às bancárias vítimas de violência doméstica e a discussão sobre desigualdade salarial e dificuldade de ascensão profissional para mulheres.

A diretora de Gânero da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Nancy Andrade, participou da mesa, que reuniu representantes da Comissão de Gênero, Raça, Orientação Sexual e Trabalhadores e Trabalhadoras com Deficiência (CGROS) e do Coletivo de Mulheres dos bancários e da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).

Conquista importante da categoria, a implantação pelos bancos de um canal de atendimento às bancárias vítimas de violência foi aprovado no início do ano passado e incluído na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria. Neste tempo, 128 casos foram atendidos, segundo dados da Fenaban. O acordo prevê também um programa de treinamento para os funcionários, para que eles possam ajudar no acolhimento das mulheres vítimas de violência.

Igualdade de oportunidades

No encontro, realizado por videoconferência, as bancárias cobraram também da Fenaban a adoção de políticas para garantir a igualdade salarial e de ascensão profissional entre homens e mulheres dentro dos bancos. Estudo feito pelo Dieese mostra que, no ritmo atual, as mulheres bancárias levarão 88 anos para que seus rendimentos se equiparem ao dos colegas homens.

No estudo, apresentado durante a reunião, está registrado que em 2003, a diferença da remuneração média entre homens e mulheres no setor bancários era de 26,08%. Em 2018, a diferença era menos, mas estava em 21,75% No mercado de trabalho brasileiro, a diferença é de 18%, menor do que no setor bancário.

A desigualdade também afeta as bancárias na ascensão profissional. O estudo do Dieese mostra que é maior a proporção de homens com mais de três promoções na carreira, de 31,7%, contra 19,9% das bancárias. Na reunião foi cobrado também mais informações sobre o aceso das mulheres aos novos empregos na área de tecnologia. No Itaú, por exemplo foram contratadas em 2020 cerca de 4 mil pessoas entre cientistas de dados, engenheiros e equipes de Tecnologia da Informação (TI).

O estudo do Dieese também mostra que as mulheres negras são as maiores vítimas da desigualdade. Em 2020, a taxa de desocupação das mulheres não negras era de 13,5%, enquanto que a das mulheres negras era de 19,8%. A mulher negra precisa trabalhar o dobro do tempo do que um homem branco para ter a mesma renda.

As bancárias cobraram também medidas para proteger os bancários da covid-19 e a inclusão entre as categorias prioritárias para a vacinação.