A Campanha Salarial de 2015 dos bancários já começou cheia de espinhos. Demissões, ajuste fiscal, crise, diversos elementos dificultando a vida dos trabalhadores. Por outro lado, os banqueiros surfando em elevados juros e tarifas, como sempre, e lucrando mais e mais.
Enrolações nas mesas de negociação da Fenaban e silêncio nas mesas específicas dos bancos públicos culminaram com uma absurda proposta de arrocho salarial em 25 de setembro que, além de nem sequer repor a inflação, ainda ressuscitava o famigerado abono dos tempos de FHC. Assim, mais uma vez, os bancários se viram obrigados a iniciar a greve.
A greve se mostrou mais forte que o previsto, fechando mais de 12 mil agências no país. Mesmo com colegas ainda realizando negócios durante a greve, o que dificulta o movimento, segmentos que dificilmente aderiam ou que o faziam com muita dificuldade passaram a fazer parte do movimento de toda a categoria. Ainda assim, bancos privados e públicos tentaram derrotar os trabalhadores pelo cansaço por mais de duas semanas. Tudo em nome do lucro. E a greve se ampliando.
Quando chamaram a negociação, banqueiros e governo continuaram enrolando e tentando impor uma derrota de grande porte aos bancários, mantendo a ideia do arrocho salarial. A greve dos trabalhadores bancários, se não foi, até aqui, completamente vitoriosa, derrotou a tentativa patronal de desvalorizar a categoria.
Nossa unidade garantiu que os bancários não perdessem, como pretendiam banqueiros e governo. Mesmo assim a proposta apresentada pela Fenaban não contempla importantes reivindicações como a garantia de emprego no segmento privado. Mesmo com os astronômicos lucros os bancos apenas empataram a inflação do período e ainda tentaram derrotar os bancários, mais uma vez, pretendendo descontar os dias de paralisação. Também nesse ponto os trabalhadores venceram banqueiros e governo.
Tudo isso é fruto da luta coletiva e unitária dos bancários e bancárias e esse é o momento de avaliar o movimento. A maioria do Comando Nacional dos Bancários optou por aceitar a proposta patronal. Essa posição teve a discordância da CTB que foi contra a aceitação, entendendo que a continuidade da greve poderia ainda trazer avanços.
Nas mesas específicas o governo, que contou com apoio e voto da maioria dos bancários, mas tem optado por favorecer o rentismo por meio do chamado ajuste fiscal, se manteve em silêncio. Somente no fim de semana, já passados 19 dias de greve, se reuniu com os trabalhadores e apresentou quase nada. Nenhuma palavra sobre os problemas mais graves dos bancários dos bancos públicos, como a isonomia, o banco de horas ou contratações. O governo segue a linha de arrochar trabalhadores, a exemplo dos servidores do INSS e das universidades, enquanto cede mais de 40% do orçamento aos bancos em serviços da dívida. E ainda ameaça com a judicialização, como ocorreu com os trabalhadores dos Correios. É um grave erro do governo optar por não negociar verdadeiramente com os trabalhadores que o elegeram e que executam as políticas públicas de desenvolvimento.
Também nas negociações específicas a CTB foi contrária a posição tomada pela maioria do Comando Nacional, defendendo a rejeição das “propostas” apresentadas.
Diante desse quadro e analisando de forma sensata e transparente as condições do movimento bancário em toda sua complexidade a CTB avalia que no segmento privado, mesmo não tendo obtido uma boa proposta, chegamos ao limite da capacidade da greve. Dadas as condições desses bancários é o momento de recuar, mantendo a força e organização dos trabalhadores para as próximas batalhas. A vitória é parcial, mas muito importante, pois foi derrotada a tentativa patronal de desvalorizar os salários.
Nos bancos públicos, onde as demandas específicas têm a importância da pauta geral da categoria e onde o movimento está mais forte e a greve mais ampla, impõe-se a necessidade de derrotar o ajuste fiscal que penaliza trabalhadores e favorece banqueiros. Diante da intransigência do governo cabe aos bancários dos bancos públicos convencer os colegas que ainda não aderiram a se engajar no movimento, ampliando e intensificando a greve.
Todos e todas às assembleias!
 
#BancárioValorizado
Coordenação Nacional da CTB-Bancários
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB