Setor continua cortando postos de trabalho e contratando novos funcionários pagando salários mais baixos do que recebiam os demitidos; resultado das cinco maiores instituições financeiras cresceu 24% entre 2014 e 2015

Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) na segunda-feira 23 mostram que os bancos continuam aumentando seus lucros por meio da estratégia de cortar postos de trabalho e contratar bancários pagando salários mais baixos do que ganhavam os demitidos.

De janeiro a outubro de 2015 foram extintas 6.319 vagas. Em outubro foram 235 postos a menos. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), compilados pelo MTE.

E além de lucrar com as vagas a menos, os bancos ainda ganham recontratando com salários mais baixos. O Caged revela que os admitidos em outubro ganham em média 66% do que os demitidos no mesmo mês. No acumulado do ano, os ganhos dos contratados representam 56% daquilo que recebiam os dispensados.

A discriminação de gênero também segue forte, embora tenha diminuído. O salário das mulheres admitidas entre janeiro e outubro de 2015 corresponde a 81% do que ganham os homens contratados no mesmo período. Entre os demitidos essa relação era de 76%. Se for levado em consideração apenas o mês de outubro, o salário das admitidas representa 71% do que recebem os contratados. Já entre os dispensados, as mulheres recebem 67% do que seus colegas que foram mandados embora.

A estratégia resulta boa somente para os bancos. As cinco principais instituições financeiras que atuam no país (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander) lucraram R$ 56 bilhões nos primeiros nove meses de 2015, aumento de 24% em relação ao mesmo período de 2014, quando ganharam R$ 45,2 bilhões.

"O que se verifica é que a lucratividade do setor financeiro cresce cada vez mais, passando à margem da crise. O presente para a sociedade vem em forma de tarifas abusivas e de demissões de milhares de trabalhadores, precarizando o atendimento e prejudicando a saúde da categoria bancária. É preciso encontrarmos mecanismos que barrem definitivamente as demissões imotivadas", conclama Carlos Alberto Bezerra, presidente do Sindicato dos Bancários de Irecê e Região.

Da Redação com SEEB/SP