Nesta segunda-feira (23), o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que não haverá reintegração de posse nas escolas ocupadas pelos estudantes nas últimas semanas contra projeto de "desorganização" do governo estadual. “Mais uma vez ficamos emocionados ao ver que a nossa luta é justa e que estamos agindo em defesa do que é nosso por direito”, disse Ângela Meyer, presidenta da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes).

Segundo a secretaria da Educação, 86 colégios estão ocupados. Ângela, no entanto, informa que até o momento já foi registrada a ocupação de 120 escolas. E embora a determinação judicial impeça a reintegração de posse em todo o estado, ela revela ter recebido denúncia de ação da PM na capital: “Estamos correndo para chegar à escola Orville Derby, na zona leste, porque a polícia militar age com truculência e agride estudantes”, conta.

Já Francisca Seixas, secretária para Assuntos Educacionais e Culturais da Apeoesp (sindicato dos professores públicos paulistas), afirma que o governador Geraldo Alckmin acreditou que depois da greve de mais de 3 meses dos professores havia minado a capacidade de resistência e que era a hora certa "para divulgar tamanha bagunça na vida da comunidade escolar”.

Mas, segundo ela, o governador não contava com a reação dos movimentos sociais e dos estudantes. Na verdade, relata Francisca, “o Alckmin faz dois movimentos. Primeiro ele envia um projeto para a Assembleia Legislativa, determinando um Plano Estadual de Educação, já falando em municipalizar as escolas e flexibilizar currículos”.

Num segundo momento, afirma a professora, “ele lança essa tal de ‘reorganização’ com a proposta inicial de fechar 156 escolas mais o curso noturno. Com a reação contrária ele reduziu para 94 escolas serem fechadas”.
“O governador não contava com um movimento tão bonito e inteligente liderado pelos estudantes. Movimento que conquistou toda a sociedade, porque ninguém que tenha compromisso com a educação aceita fechamento de escolas e corte de verbas na educação”, diz Francisca.

Camila Lanes, presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), conta que a emoção tomou conta do Tribunal de Justiça quando foi negada a reintegração de posse. ”Foi uma pequena vitória, mas nossa luta continua até o governador sentar para conversar com a gente”.

Ângela, da Upes, complementa afirmando que nada vai intimidar os secundaristas de todo o estado. "A polícia mostra todo o seu despreparo quando reprime, mesmo sem ordem da Justiça, e o governador mostra arrogância e falta de sentimento democrático quando se nega ao diálogo”.

“Esse é o jeito de governar do PSDB, diz Francisca. “Qual é o compromisso que tem com a escola, com a sociedade, com a juventude? ”, questiona. Ela lembra ainda que na sexta-feira (27) a Apeoesp tem uma assembleia geral para decidir um posicionamento dos professores da rede estadual.

O movimento estudantil secundarista do estado conseguiu minar a blindagem midiática para proteger o governador. “Hoje a notícia sobre o nosso movimento já corre o mundo. Recebemos solidariedade de todos os lugares”, conta Camila, da Ubes.

Os estudantes seguem ocupando escolas, cuidando delas e defendendo o direito constitucional à educação pública de qualidade para todos. Os estudantes pedem ajuda para arrecadar alimentos, água e produtos de limpeza pelo endereço vakinha.com

Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB