Segundo a secretaria da Educação, 86 colégios estão ocupados. Ângela, no entanto, informa que até o momento já foi registrada a ocupação de 120 escolas. E embora a determinação judicial impeça a reintegração de posse em todo o estado, ela revela ter recebido denúncia de ação da PM na capital: “Estamos correndo para chegar à escola Orville Derby, na zona leste, porque a polícia militar age com truculência e agride estudantes”, conta.
Já Francisca Seixas, secretária para Assuntos Educacionais e Culturais da Apeoesp (sindicato dos professores públicos paulistas), afirma que o governador Geraldo Alckmin acreditou que depois da greve de mais de 3 meses dos professores havia minado a capacidade de resistência e que era a hora certa "para divulgar tamanha bagunça na vida da comunidade escolar”.
Mas, segundo ela, o governador não contava com a reação dos movimentos sociais e dos estudantes. Na verdade, relata Francisca, “o Alckmin faz dois movimentos. Primeiro ele envia um projeto para a Assembleia Legislativa, determinando um Plano Estadual de Educação, já falando em municipalizar as escolas e flexibilizar currículos”.
Num segundo momento, afirma a professora, “ele lança essa tal de ‘reorganização’ com a proposta inicial de fechar 156 escolas mais o curso noturno. Com a reação contrária ele reduziu para 94 escolas serem fechadas”.
“O governador não contava com um movimento tão bonito e inteligente liderado pelos estudantes. Movimento que conquistou toda a sociedade, porque ninguém que tenha compromisso com a educação aceita fechamento de escolas e corte de verbas na educação”, diz Francisca.
Camila Lanes, presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), conta que a emoção tomou conta do Tribunal de Justiça quando foi negada a reintegração de posse. ”Foi uma pequena vitória, mas nossa luta continua até o governador sentar para conversar com a gente”.
Ângela, da Upes, complementa afirmando que nada vai intimidar os secundaristas de todo o estado. "A polícia mostra todo o seu despreparo quando reprime, mesmo sem ordem da Justiça, e o governador mostra arrogância e falta de sentimento democrático quando se nega ao diálogo”.
“Esse é o jeito de governar do PSDB, diz Francisca. “Qual é o compromisso que tem com a escola, com a sociedade, com a juventude? ”, questiona. Ela lembra ainda que na sexta-feira (27) a Apeoesp tem uma assembleia geral para decidir um posicionamento dos professores da rede estadual.
O movimento estudantil secundarista do estado conseguiu minar a blindagem midiática para proteger o governador. “Hoje a notícia sobre o nosso movimento já corre o mundo. Recebemos solidariedade de todos os lugares”, conta Camila, da Ubes.
Os estudantes seguem ocupando escolas, cuidando delas e defendendo o direito constitucional à educação pública de qualidade para todos. Os estudantes pedem ajuda para arrecadar alimentos, água e produtos de limpeza pelo endereço vakinha.com.
Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB