Setembro Amarelo chegou mostrando uma realidade que não pode ser ignorada. Os afastamentos por transtornos mentais crescem em ritmo devastador no Brasil, e a Bahia liderou o triste ranking do Nordeste em 2024. De acordo com o Ministério da Previdência Social, mais de 34 mil trabalhadores no Estado precisaram de licença médica nos últimos quatro anos, vítimas de um modelo de trabalho que adoece.
Ansiedade e depressão são as principais responsáveis, representando quase metade dos casos e revelando a face social de uma crise que se intensifica. Os números falam por si só. Em 2021, a Bahia registrou 5.737 afastamentos, mas ano passado o número saltou para 14.065, quase o triplo em apenas três anos.
Não são estatísticas frias, mas professores, bancários, enfermeiros, motoristas, jornalistas e tantas outras categoria trabalhadoras, todos esmagados por jornadas intensas, metas inalcançáveis e ambientes insalubres.
No cenário nacional, apenas em 2024, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) registrou 3,5 milhões de afastamentos previdenciários, sendo mais de 470 mil ligados diretamente à saúde mental, aumento de 68% em relação a 2023. Isto significa que a crise emocional deixou de ser exceção e se consolidou como um fenômeno estrutural, resultado da precarização e da ausência de políticas efetivas de proteção no trabalho.
Enquanto os lucros crescem, a vida se deteriora. A própria OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que depressão e ansiedade provoquem a perda de 12 bilhões de dias de trabalho por ano no mundo, com impacto econômico de até US$ 1 trilhão. No Brasil e na Bahia, o custo maior não é apenas financeiro, mas sobretudo humano. O Setembro Amarelo precisa ser mais do que campanha simbólica, mas sim um chamado à ação política para garantir condições dignas, políticas públicas firmes e fiscalização rigorosa.
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