O papel da mulher na sociedade e o momento político atual foram os temas que movimentaram os debates no 1º Encontro das Bancárias da Bahia e Sergipe, que aconteceu neste final de semana (02 e 03 de abril), no Águas Claras Beach Resort, em Saubara, Recôncavo Baiano que reuniu 133 participantes, sendo 116 mulheres e 17 homens oriundos de todas as bases sindicais.

Durante a abertura do evento, a diretora de Gênero da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Grassa Felizola, falou sobre a importância do encontro para a categoria bancária e conclamou as mulheres a ocuparem o seu lugar na sociedade: "As mulheres precisam ir pra luta, nas ruas, nas direções dos sindicatos, ocuparem os espaços da sociedade", afirmou.

Emanoel Souza, presidente da Federação, destacou que "a luta de gênero é uma luta de toda a sociedade" e que um dos objetivos do encontro é oferecer aos sindicatos diretrizes para uma política de emancipação das mulheres e de luta por seus direitos.

Papel da mulher na sociedade - Ao iniciar os debates, a deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA) relatou as mudanças históricas do papel da mulher na sociedade: "A primeira ação de cerco à mulher foi quando a primeira cerca da propriedade privada foi erguida". Para Alice, nas diversas fases históricas, a mulher tem sido colocada como ser humano de segunda. "E ninguém ainda nos pediu desculpas", lamentou.

No Brasil, a deputada lembrou dos problemas ainda enfrentados pelas mulheres, como as diferenças salariais em relação ao homem, o aumento de homicídio das mulheres negras e a pouca representatividade na política. "Na Câmara de Deputados, entre 513 parlamentares temos 53 mulheres. Agora que chegamos a 10%", informou.

Mundo do trabalho e sexo – À tarde, Petilda Vasquez, socióloga e historiadora, fez uma exposição sobre a mulher no mundo do trabalho. Afirmou que atualmente muitas mulheres buscam o reconhecimento a qualquer preço, aceitando a sobrecarga de trabalho.

Para Petilda, o capitalismo precisa da mulher trabalhando por dois. Avalia que há uma banalização do mal extremo no mercado de trabalho, que trata o trabalhador como dispensável e sem importância. Adverte que o limite do trabalho é o corpo, pois o desejo exagerado de demonstrar competência pode levar ao adoecimento.

Na exposição sobre Sexo, Eros e Amor, o médico Adson França formou grupos para discutir questões sexuais e afetivas, como casamento, divórcio, ciúme, prazer, desejo, amor e paixão. "A relação sexual é cultura, é processo, é afeto", concluiu França.

Na manhã do domingo (03), a Senadora e Procuradora da Mulher no Senado, Vanessa Grazziotin, (PCdoB/ AM) e a secretária da Mulher da CTB, Ivânia Pereira comandaram os debates.

Pensado para atrair o maior número de bancárias possível, o Encontro contou com uma novidade importante, a disponibilização de uma creche em tempo integral para que as mães pudessem participar despreocupadas dos debates. A tarefa coube à creche Doces travessuras, cujas monitoras, além de cuidar das crianças ainda organizaram uma apresentação no final do evento, trazendo uma alegria a mais para os presentes.

“Este encontro tem um saldo altamente positivo, pois nós conseguimos reunir aqui neste final de semana mulheres e homens para debater a emancipação da mulher. Nós entendemos que esta não é uma luta só das mulheres. Este foi tema que a gente colocou e foi com este objetivo que convocamos este encontro. Eu acredito que daqui saiam mulheres empoderadas, mulheres buscando se inserir na luta. O que nós vimos aqui foi uma coisa esplêndida, com bancárias da base participando ativamente dos debates, indo para frente e pegando o microfone para dar sua opinião. Isso foi maravilhoso”, avaliou Grassa Felizola, diretora de Gênero da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe.

Fonte: Da Redação com FEEB BA/SE